sábado, maio 15

E lá estava ele, pela segunda vez consecutiva... mas desta vez deitado com o seu grande e forte corpo que intimidava qualquer um. Eu aproximei-me e, com prudência, ofereci-lhe parte da minha mão para que pudesse perceber que se encontrava fora de perigo. Ele mostrou um ligeiro interesse, e eu acerquei-me mais um bocadinho, mostrou-se confiante, e senti uma ligação, como se nos conhecêssemos à bastante tempo. Afaguei o seu pêlo carinhosamente e ele revelou-se meigo e afável. Finalmente sentei-me a seu lado com respeito pelo seu espaço, e verifiquei que se encontrava ferido. O pobre velhote, além de uma grande verruga no olho esquerdo, apresentava um dos dedos amputado, revelando a carne fresca e o osso do interior do seu corpo. Na outra pata, forte e maltratada, ostentava uns belos e carnudos dedos, com garras salientes e desleixadas; mais uma vez... um dos dedos apresentava-se sem qualquer película protectora da sua carne viva, embora este se encontrasse intacto, e com a garra ainda no sítio. Fiquei chocada e extremamente preocupada, procurei e deparei-me com um grande edema na zona do ventre. Tinha coleira (facto que desconfiei). Naquele momento o grande e forte cão fizera-se miúdo e frágil, tremendo num sofrimento prudente. Mas eu não, a minha mágoa predominava, indiscreta e transparente. Estava na hora e tive que ir. Prometi a mim mesma que, daí a duas longas e dolorosas horas eu me encontraria, no mesmo local, tentando ajudar o pobre bichinho. Assim fiz... mas ele não estava lá. Procurei... mas não o encontrei. E nesse momento percebi que tinha cometido mais um erro na minha curta vida!


"Virá o dia em que a morte de um animal será considerada crime, tanto quanto o assassinato de um Homem" Leonardo daVinci

Diga NÃO ao abandono dos animais!

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